Eu juro que tento, mas de
tanto tentar já desisti. Quando era mais nova até que
gostava. Era confete pra lá, samba pra cá e eu ficava sempre junta dos meus
pais assistindo aos desfiles. Gostava também dos “hot dogs” que
eu ganhava do meu tio que sempre surgirá no carnaval para assistir aos
desfiles. Nunca falei, mas “hot dogs” é um máximo e eu posso comer o
quanto me derem, nunca enjôo. Parece brincadeira, mas é bem real. Esse
é um dos motivos pelo qual eu gostava do carnaval. Hoje, não nós damos tão
bem assim.
Toda alegria vira desunião.
Meus pais separados já não vão mais assistir aos desfiles, mesmo eu implorando
muito a eles que fossem. No último carnaval que fomos juntos, meus pais
ficaram discutindo à beça e eu fiquei só na minha. O cara que vende “hot
dogs” não apareceu nesse dia. Minha prima me disse que ele estava doente. Daí
em diante passei a considerar o carnaval uma das piores datas
comemorativas do ano. Sério, não gostava mais.
Outro dia minha amiga me chamou
pra ver o show de uma banda que ela curtia muito e aí eu fui. “O que a gente
não faz por uma amiga né?”. Ela começou a me falar que o show era o de
menos, ela queria mesmo era ir pra ficar com o Cláudio e isso começou a me
chatear. Eu estava ajudando ela a sair e ela ia me deixar
de vela? Esse é o papel das amigas no carnaval, claro se
você estiver sendo uma solteirona.
Foi tudo muito repentino, eu
pensei que fosse demorar mais. Ela começou a gozar da minha cara por que não
peguei nenhum menino, daí comecei a gozar da cara dela dizendo: "Prefiro
não pegar um menino ao pegar AIDS tranzando com qualquer um.". É, essa
foi bem pesada, mas acho que ela mereceu um pouco. Ela é daquelas que
ama esfregar na cara da amiga que está namorando e isso é cruel, principalmente no carnaval, considerando que é a época em que todos estão se
pegando, e você lá solteira no canto.
O carnaval passou a perder seus
valores, tanto pra mim quanto pra sociedade. Meu avô
gostava de ficar sentado na sala, quando ainda tinha seus 70 anos, assistindo à
um tal de Globeleza — programa da rede globo que exibia o desfile das escolas de samba no
Rio de Janeiro e São Paulo. Eu não gostava de assistir, mas acabava
assistindo por pura obrigação de ficar ali fazendo companhia a ele. Ele era
legal, foi um avô que eu não vou ter igual. Sempre me abraçava quando eu estava
mal e nunca me perguntava o porquê de estar mal. A essência de estar próximo é a presença e não o motivo.
Adorei o conto, também não me dou com carnaval.
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